O: ARAÇÁ AMAREO vem das palavras do tupi Guarani: ARÁ-Fruta + eçá - olhos, referindo-se as sépalas persistentes que parecem formarem cílios. Também recebe os nomes: Araçá amarelo, Araçá vermelho, Araçá de coroa, Araçá do brejo, Araçá doce, Araçá do campo, Araçá de comer, Araçá da praia, Araçá morando (Por causa do fruto de cor vermelha), Goiabinha e Goiaba do Ipiranga.
ORIGEM: Espécie endêmica da Mata Atlântica que ocorre desde o sul da Bahia até o estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, aparecendo principalmente nas cabeceiras de várzeas e nascentes de ribeirões e nas cerras de altitude onde o solo é bastante úmido
OBSERVAÇÕES: Existem ALGUMAS variedades naturais: uma com frutos vermelhos chamada cientificamente de Psidium cattleyanum var. purpureum mais comum na restinga do RS. OUTRA com frutos amarelos chamada cientificamente de Psidium cattleyanum forma típica encontrada em praticamente em toda região sul e sudeste sempre em beira de brejos. E a partir desta forma, o pesquisador Ayrton Raseira da Embrapa de Clima Temperado de Pelotas, RS, lançou a variedade Ya-cy (lua em tupi) cuja planta começa a frutificar com 18 meses no campo e o fruto pode pesar até 40 gramas. E ainda existe a FORMA ALONGADA, chamada cientificamente de Psidium cattleyanum var. variabile que foi encontrada pelo grande amigo e colecionador Anestor Mezzomo (in memória) que homenageio chamando essa variedade e ARAÇÁ ALONGADO DO ANESTOR.
Características: É um arbusto de 2,5 a 4 m de altura, chegando com muita raridade aos 7 a 8 m de altura quando em clareiras no meio da mata. A copa é arredondada, irregular e rala atingindo o dobro da altura da planta. O tronco é tortuoso, com ritidoma liso brilhante e acinzentado, e uma vez por ano a casca se desprende em laminas papiráceas (como tiras de papel), mostrando a casca interna que é esverdeada e passa a ter coloração alaranjada e por fim acinzentada. Os ramos jovens são glabros (sem pelos) ou raramente pebérulo (com pelinhos pequenos e eretos). As folhas são simples, opostas, coriaceas, e obovadas (com forma de ovo invertido, com a parte larga no ápice), fixada por pecíolo (haste ou suporte) de 4 a 12 mm de comprimento. O limbo (tecido foliar) mede 4 a 9 cm de comprimento por 2 a 5,5 cm de largura. A base é aguda ou cuneiforme (com forma de cuia) e o ápice é atenuado, obtuso, ou seja, é suavemente arredondado. A flor aberta é branca, fragrante e mede 2 cm de diâmetro, sendo formada por cálice (invólucro externo) com 4 a 5 lobos ou recortes na forma de dentes côncavos que se rompem na antese. A corola é formada por 4 ou 5 pétalas brancas e obovadas de 7 a 8 mm de comprimento que se misturam com os estames.Os frutos são bagas subemisféricas (que é quase redonda) de 3 a 4,6 cm de diâmetro com casca amarela ou vermelha a depender da variedade, tendo no ápice uma coroa aprofundada com 4 sépalas persistentes. A polpa é branca ou arroxeada, doce com um fundo levemente acido, envolvendo 50 a 110 sementes aplainadas, reniformes ( com forma de rim) e de cor creme.
Dicas para cultivo: É de fácil cultivo, pois se adapta a diversos tipos de clima e solo. Pode ser cultivada desde o nível do mar até 2.000 m de altitude como se dá no Equador onde essa espécie é bastante produtiva também. Os índices de chuvas podem variar de 1.200 a 3.100 mm anuais, com a umidade do ar variando de 75 a 85%. Os solos que essa espécie prefere são: os cambissolos (arenosos e ricos em matéria orgânica, planossolos (terras de planícies do Rio Grande do sul), latossolo (terra vermelha ou terra amarelada) ou qualquer terreno que tenham as mesmas características de serem bem drenados, profundos e com boa fertilidade natural e tenham pH variando de 4,5 a 6,2. O Araçá amarelo é resistente a mínimas de até - 4 graus e a períodos de seca, suportando um breve período de encharcamento do solo.
Mudas: Suas sementes pequenas e devem ser colhidas de frutos maduros e lavadas em água corrente sobre uma peneira, devendo essas serem secas ao sol por 4 horas. Depois de limpas e secas as sementes podem ser armazenadas por até 2 anos em embalagens escura, mantendo 60% de seu poder germinativo. Normalmente as sementes devem ser semeadas logo após beneficiadas em sementeira ou saquinhos individuais de 17 por 22 cm, contendo o seguinte substrato: 1 parte de terra vermelha de superfície peneirada, 1 parte de húmus de minhoca ou composto orgânico bem curtido e 1 parte de casca de pinus triturada e peneirada. Após os ingredientes serem misturados preencha as embalagens e cubra as (2 a 4) sementes com 1 cm de substrato. A irrigação deve ser feita todos os dias e a germinação é quase 100% e ocorre em 25 a 35 dias. Se for semeada em sementeira as mudas devem ser repicadas para embalagens individuais quando estiverem com 10 cm de altura. Após o transplante as mudas devem ficar em local sombreado por 3 meses e ser irrigadas generosamente até o pleno pegamento. As mudas atingem 60 cm de altura com 9 a 10 meses após a semeadura, quando já podem ser plantadas em local definitivo.
Plantando: Recomendo que seja plantada a pleno sol num espaçamento 5 x 5 m. As covas devem ter dimensões de 50 cm nas 3 dimensões e convém misturar 30% de areia saibro + 30% de matéria orgânica aos 30 cm de terra da superfície da cova, deixar curtir por 2 meses. A melhor época de plantio é outubro a novembro, convém irrigar 10 l de água após o plantio e a cada 15 dias se não chover. Para plantar no vaso (de 50 cm de altura por 40 cm de largura) deve ser usado terra vermelha e a mesma mistura indicada acima, tomando o cuidado apenas de colocar uns 4 cm de pedra no fundo do vaso para ocorrer uma drenagem rápida.
Cultivando: A planta cresce rapidamente e não necessita de cuidados especiais, apenas deve-se fazer capinas periódicas para que o mato não sufoque a planta. Fazer apenas podas de formação eliminando os ramos que nascerem na base do tronco e os galhos voltados para baixo ou para o interior da copa. Adubar com composto orgânico, pode ser 2 pás de cama de frango + 30 g. de N-P-K 10-10-10 distribuídos em círculos à 5 cm de profundidade e distanciados 10 cm do caule. As duas variedades são muito resistentes a pragas e doenças.
Usos: Frutifica em novembro e dezembro, em fevereiro e em Abril. Os frutos são muito saborosos e refrescantes, e lembram o sabor do morango, principalmente a variedade que produz frutos vermelhos. Esses são ótimos para o consumo in-natura, pois tem baixa caloria e boa quantidade de fósforo e vitamina C. A arvore do Araçá amarelo é perenifólia e de porte reduzido e por isso serve muito bem para arborização urbana sob redes elétricas. As folhas brilhantes e as flores brancas tornam a planta muito decorativa para pequenos jardins, além de seus frutos atraírem muitos pássaros lindos. Essa espécie não pode faltar em projetos de reflorestamentos, pois a planta é muito rústica quando em solos fracos e a pleno sol e sua produção precoce de frutos alimentam a fauna em geral. As flores são melíferas e indicadas principalmente como pasto apícola para as abelhas indígenas.
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