quarta-feira, 20 de março de 2019

Bacuparizão do campo, Cascudo e Saputá de moita ou CAPICURÚ-AÇU


NOME INDIGENA: CAPICURÚ-AÇU vem do tupi guarani e significa “Erva que dá fruto com casca ou pele enrugada” e o adjetivo AÇU designa a qualidade do fruto por ser grande. Também recebe os nomes de: Bacuparizão do campo, Cascudo e Saputá de moita.

Origem: É nativo dos cerrados e campo limpo ou sujo e na transição da floresta atlântica para a caatinga, ocorrendo em Rondônia e em todos os estados desde o Pará até São Paulo, norte do Paraná e Mato Grosso do Sul, Brasil. Aparecendo também no Chaco Boliviano e Paraguaio.

Características: É um arbusto de 30 a 80 cm de altura, quando no campo, prostrado (com ramos deitados), com xilopódio (raiz grossa que armazena água); ou uma pequena árvore que no cerradão pode crescer até 3 m de altura. Os ramos velhos têm casca corticosa (espessa) e fissurada no sentido longitudinal, e os ramos mais jovens são lenhosos e secos com casca pardacenta ou cinzenta amarelada. As folhas se concentram no ápice dos ramos, são alternas ou subopostas (opostas, mais em nível diferente), simples, com pecíolo (haste ou suporte) de 0,6 a 1,2 cm de comprimento. O limbo ou lamina foliar é elíptica (longa e estreita), cartácea (com textura de cartolina), glabra (sem pelos), medindo 4,5 a 11 cm de comprimento por 0,8 a 2,3 cm de largura, com base atenuada (se afina gradativamente) ou arredondada, a margem é inteira ou levemente crenulada (com recortes muito pequenos). As flores são hermafroditas e surgem nas axilas das folhas, em panículas (cacho composto) tirsóides (com dois lados (uma para baixo e outro para cima), com pedúnculo (haste ou suporte) ausente ou com até 5 cm de comprimento. Cada flor mede 3 a 5 mm na antese e o cálice (invólucro externo) é constituído de bractéolas (folha de proteção) reduzidas e protuberâncias (pontas) inconspícuas. A corola (invólucro interno) é creme esverdeada, com 5 pétalas glabras (sem pelos) de 2 a 3 mm de comprimento, envolvendo 3 estames (pequenos tubos) masculinos de 3 mm de comprimento. Os frutos são bagas oblongas (mais longa que larga), piriformes (com forma de pêra) de 3,5 a 8,5 cm de comprimento por 3 a 5 cm de largura, com casca de 4 a 6 mm de espessura com epiderme (pele) amarelada e rugosa que cheira gasolina quando madura.

Dicas para cultivo: Planta subtropical de crescimento lento, rústica e extremamente adaptável, pois aprecia terras fracas e arenosas e suporta temperaturas mínimas de até menos 4 graus no Paraguai e máximas de até 43 graus nos cerrados do estado de Rondônia, embora não produza frutos todos os anos nessas condições extremas. Para uma boa frutificação a temperatura deve estar entre 8 a 37 graus, com umidade relativa do ar entre 30 a 70%. No ambiente natural a espécie ocorre em altitudes que vão de 250 a 700 m acima do nível do mar, com índice de chuvas variando de 850 a 1.900 mm anuais. A planta aprecia solos bem drenados e profundos, com pH entre 5,0 a 6,5 do tipo nitossolo (vermelho), latossolo (vermelho amarelado), neossolo (quartzo arenoso) e argissolo.

Mudas: As sementes são oblongas (mais longa que larga), ovais, com casca castanha, áspera, medindo 2,5 a 3,7 cm de comprimento por 1,6 a 2,3 cm de largura, pesando de 5 a 8 gramas cada. Recomendo que seja semeada logo que despolpada, diretamente em saquinhos individuais contendo substrato feito de 40% de areia saibro, 40% de matéria orgânica curtida e 20% de terra vermelha. As sementes germinam em 60 a 150 dias, e as plântulas tem crescimento lendo, pois investem mais no sistema radicular; por isso devem ser plantadas com 10 a 15 meses de idade quando terão o tamanho médio de 10 cm de altura. Formar as plantas em pleno sol e irrigar dia sim, dia não.

Plantando: Plantar num espaçamento de 3 m entre plantas e 4 m entre linhas. Após demarcar o local das covas, estas são abertas e meses antes do plantio com dimensões de 50 cm de altura, largura e profundidade, e se o chão ou terreno for pobre em areia, deve-se acrescentar 40% de areia por cova. Nos 30 cm de solo reservado, deve-se acrescentar 500 g de calcário, 4 a 6 pás de esterco bem curtido, 500 g de cinzas. A melhor época de plantio é o mês de novembro a dezembro. Após o plantio irrigar com 10 litros de água a cada 15 dias nos primeiros 3 meses.

Cultivando: Não é necessário fazer podas em função do pequeno porte. A planta aprecia cobertura morta em seu pé para manter alguma umidade. É importante fazer capinas periódicas, pois o mato impede o desenvolvimento da planta, principalmente o capim branquearia que produz toxinas no solo e pode causar a morte da planta. Adubar com composto orgânico, pode ser 1 kg de composto orgânico + 10 gr de N-P-K 10-10-10 dobrando essa quantia a partir do 3ª ano.

Usos: Frutifica nos meses de Março a Maio. Os frutos apesar de serem grandes encerram cerca de 20 a 30 % de polpa translúcida, adocicada e refrescante, envolvendo as sementes. Essa pode ser consumida in-natura ou na forma de geléias ou sucos refrescantes. As sementes produzem um óleo amargo de uso medicinal que ainda não foi estudado. Os índios do cerrado usam as raízes picadas em lascas na forma de decocção, bebendo o chá para problemas gástricos e úlceras. A planta não deve faltar em projetos de recuperação do cerrado, pois a planta produz alimento para ave-fauna em geral.

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